Muito se engana quem imagina que a queda de cabelo atinge apenas adultos, especialmente à medida que envelhecem. Embora seja um problema relativamente raro, a queda de cabelo em crianças também pode ocorrer por diversas causas.
Antes de tudo, é bom lembrar que a queda de cabelo é fisiológica. Ou seja, é normal que uma certa quantidade de cabelo caia todos os dias. Isso acontece porque os fios passam por um ciclo capilar de três fases: crescimento, repouso e queda.
A queda capilar é um problema que precisa ser tratado se houver uma perda de mais de 150 fios por dia, o que com o tempo produz falhas no couro cabeludo da criança. Se isso acontecer, é hora de se preocupar e buscar ajuda.
Confira neste post quais são as principais causas para queda de cabelo em crianças.
Assim como nos adultos, as crianças podem apresentar queda de cabelo excessiva devido a uma alimentação irregular, o que pode levar à desnutrição. Isso é mais comum de acontecer na fase de transição que se dá entre a amamentação e a alimentação por meio de comidas sólidas.
As crianças podem demonstrar preferência por alimentos não muito nutritivos, e o descuido com a dieta nessa fase pode fazer com que faltem vitaminas do complexo B (como a biotina,) vitamina A e C, e ainda sais minerais como o zinco, magnésio e cobre.
Além disso, algumas alergias também podem levar à queda de cabelo na infância, como alergia ao glúten de trigo e à lactose ou caseína do leite de vaca. Embora a queda capilar não seja o principal sintoma, é bom ficar de olho.
A perda de cabelo na infância pode ter origem em disfunções da tireoide, a glândula em forma de borboleta responsável pela produção de dois hormônios que regulam várias funções essenciais do organismo.
Algumas crianças podem apresentar hipotireoidismo, uma alteração que faz com que a tireoide produza uma quantidade insuficiente de hormônios, o que resulta em queda de cabelo. Por ser uma doença potencialmente letal, os pais devem garantir que as consultas com o pediatra estejam em dia.
Além dos adultos, a dermatite seborreica, a popular caspa, também ataca crianças. Os principais sintomas desta doença são descamação e manchas brancas no couro cabeludo e rosto, excesso de oleosidade, vermelhidão e coceira, o que pode fazer os fios caírem.
Seu aparecimento está relacionado a alterações nas glândulas sebáceas e componentes imunológicos, além de alterações hormonais, situações de fadiga ou estresse, medicamentos e mudanças bruscas de temperatura. Calor, umidade e excesso de oleosidade favorecem o surgimento do fungo Pityrosporum ovale, que também pode provocar a doença.
O eflúvio telógeno é uma queda de cabelo repentina de grande intensidade que ocorre cerca de três meses após o evento desencadeante. Dentre as causas possíveis estão o uso de certos medicamentos, doenças infecciosas, dieta irregular, transtornos depressivos, traumas emocionais, estresse, entre outros.
Também as crianças podem ficar estressadas. Isso pode acontecer devido a processos de luto, à diminuição da convivência com um ente querido, brigas entre a família ou até mesmo a mudanças imprevistas no lar. Por isso é importante que os pais estejam sempre atentos ao comportamento de seus filhos, e a qualquer sinal de mudança, devem contatar o pediatra.
As tinhas são micoses que se caracterizam por apresentar manchas vermelhas de superfície escamosa com bordas bem nítidas e que provocam coceira. São doenças causadas por um grupo de fungos dermatófitos que se alimentam da queratina da pele, pelos e unhas.
Quando acomete o couro cabeludo, esses fungos geram placas com crostas de textura escamosa que causam coceira intensa e queda de cabelo na região afetada. Os fios dentro destas placas arredondadas também se tornam quebradiços.
A tricotilomania é uma desordem comportamental em que a pessoa arranca os fios com as mãos, fazendo com que ocorram falhas no couro cabeludo. As crianças também podem apresentar essa alteração do impulso que as leva a arrancar os cabelos compulsivamente.
Geralmente está relacionada ao estresse, transtornos depressivos e ansiosos, e histórico familiar, sendo mais comum de se manifestar na puberdade. O tratamento é feito por meio de psicoterapia ou psicanálise e eventualmente pode-se utilizar medicação psiquiátrica como adjuvante.
Conhecida popularmente como “pelada”, é caracterizada por uma disfunção do sistema imunológico, que produz inflamação e ataca diretamente os folículos pilosos, provocando a queda de cabelo. Essa queda faz com que apareçam falhas arredondadas ou ovais sem fios no couro cabeludo.
Entre as possíveis causas do distúrbio, estão fatores genéticos e imunológicos, que pode ser desencadeado por fatores como abalos emocionais, estresse, cansaço excessivo e doenças infecciosas ou doenças crônicas e autoimunes (como psoríase, vitiligo e lúpus).
Neste caso a queda de cabelo ocorre devido a lesões de várias origens, incluindo queimaduras e acidentes. No entanto, em crianças é mais comum ocorrer devido ao uso excessivo de penteados como trancinhas, rabo de cavalo, maria-chiquinha, etc. Esses penteados tracionam os fios, e se usados continuamente levam à perda dos cabelos de forma definitiva.
As crianças devem usar produtos de acordo a sua faixa etária. Bebês até 3 anos devem usar produtos que contenham os termos “baby”, “para bebê ou neném”, e crianças de 3 anos em diante devem usar produtos para “kids, “para crianças, ou “infantil”.
O ideal é que os shampoos e condicionadores contenham ingredientes suaves, pH neutro, e sejam hipoalergênicos, ou seja, minimizem os riscos de alergia. Não use produtos para adultos, pois podem agredir a pele delicada do couro cabeludo e provocar dermatites, alergia e queda de cabelo.
Além disso, recomenda-se lavar a cabeça da criança dia sim e dia não – lavar demais agride a pele do couro cabeludo, e lavar de menos pode favorecer a caspa, pois o cabelo fica opaco e poroso, acumula secreção, sebo e resíduos de poluição.
Lembre-se que penteados muito apertados podem acabar gerando alopecia de tração, quando os fios rompem pelo estresse mecânico e caem. Evite fazer penteados que puxam demais os fios, ou manter o cabelo das crianças presos todos os dias. Dê uma folga, deixando os cabelos soltos em pelo menos uma parte do dia.
Além disso, nunca prenda o cabelo da criança enquanto estiver molhado, pois além de fragilizar os fios, a umidade pode favorecer a proliferação de fungos, uma vez que eles gostam de locais úmidos, abafados e escuros para se reproduzir.
Na hora de escovar o cabelo, dê preferência para pentes de dentes largos ou a escovas com cerdas macias e que se destinem ao uso infantil. No banho, utilize condicionador e desembarace os cabelos começando pelas pontas para não quebrar os fios.
Como mencionado anteriormente, as crianças também podem ficar estressadas e desenvolver transtornos mentais de ansiedade e depressão. O estresse causa inflamação do couro cabeludo, fazendo com os fios caiam e surjam falhas.
Os distúrbios emocionais também podem ocasionar alterações nos hábitos alimentares e perda de apetite, o que leva à diminuição na ingestão dos nutrientes necessários para a saúde dos fios. Por isso, os pais devem sempre estar atentos aos comportamentos das crianças – se notarem algo fora do comum, devem procurar ajuda psicológica.
Deve-se permitir às crianças que brinquem, pois além de ser fundamental para o desenvolvimento psíquico e emocional, a brincadeira é também uma forma de praticar exercício físico, o que libera endorfinas que diminuem o estresse, e consequentemente a queda de cabelos.
Muitas vezes a queda de cabelo em crianças pode ser um sinal de que há algo errado no organismo delas como um todo. Doenças hepáticas, renais e da tireoide podem ser silenciosas a não ser pela queda dos fios. Por isso, as consultas com o pediatra devem ser periódicas e constantes.
Se você notar que a queda de cabelo da criança é constante e não passa, ou que uma grande quantidade de cabelo é perdida por dia, consulte um pediatra ou um dermatologista. O tratamento da queda de cabelos em crianças dependerá do tipo de alopecia, da causa, da intensidade do quadro, das condições de saúde prévias e de outros fatores.
Os tratamentos poderão ser simples, como o uso de shampoos e loções para a dermatite seborreica, ou complexos, como no caso da alopecia areata, que envolve o sistema imune e o emocional da criança. Nesses casos pode ser necessário o uso de corticoides, anti-inflamatórios, imunossupressores e também um tratamento psicológico.
Somente o médico possui condições para fazer uma avaliação clínica, pedir e interpretar exames e identificar a causa, apontando o melhor tratamento para cada caso. Por isso, sempre procure ajuda médica.