Para a maioria das mulheres, as mudanças hormonais da gravidez deixam o cabelo mais espesso e saudável, com aparência forte e lustrosa. É muito mais comum que a queda de cabelo aconteça no pós-parto, geralmente de 3 a 6 meses depois de o bebê nascer, o chamado eflúvio telógeno pós-parto. No entanto, algumas mulheres experimentam o oposto, e a queda de cabelo ocorre durante a gestação.
Dentre os fatores responsáveis por esse problema, os principais são as mudanças hormonais e as oscilações emocionais. A mudança dramática nos níveis de progesterona e estrogênio, que regulam o ciclo reprodutivo da mulher, podem fazer com que os folículos capilares (as estruturas localizadas no couro cabeludo responsáveis por fazerem os fios nascerem e crescerem) saiam prematuramente da fase de crescimento para a fase de queda. O choque ou estresse associado à gravidez também têm o mesmo efeito, forçando os fios a caírem e crescerem menos.
É importante saber que nem sempre os cabelos caem durante ou após o parto, pois eles podem apenas sofrer certas mudanças de textura, de volume e de brilho e podem se tornar mais oleosos ou mais secos – mas essas são mudanças passageiras.
Algumas doenças, como diabetes gestacional, anemia, distúrbios da tireoide ou mesmo outras doenças infecciosas, podem causar queda de cabelo na gravidez. Além disso, certos medicamentos, especialmente os indicados para tratar pressão alta, problemas cardíacos e distúrbios de coagulação, além de depressão e ansiedade, podem aumentar o risco de queda capilar.
A queda de cabelo durante a gestação também pode ter sua origem em um problema dermatológico, tal como dermatites, micoses ou psoríase, doenças que afetam a raiz do cabelo e o couro cabeludo, ocasionando a queda dos fios.
As mudanças hormonais durante a gravidez podem ter diferentes repercussões dependendo do organismo de cada mulher. As alterações drásticas nos níveis de progesterona e estrogênio podem fazer com que os folículos capilares saiam rapidamente da fase de crescimento (anágena) e entrem na fase de queda (telógena). Assim, ao invés de uma queda diária de até 150 fios por dia, o couro cabeludo chega a perder 400 fios, e por isso a mulher começa a notar o desprendimento dos pelos na escova, no banho, e até no travesseiro, sentindo que os cabelos estão ficando ralos.
Além disso, a ação combinada da progesterona (hormônio feminino produzido pelos ovários) com a testosterona (hormônio masculino também produzido pelas mulheres nos ovários e glândulas suprarrenais) estimula a secreção nas glândulas sebáceas, aumentando a oleosidade do couro cabeludo – o que por sua vez aumenta a queda dos fios. A interrupção do uso de medicamentos anticoncepcionais ou qualquer outro método anticoncepcional altera os níveis hormonais e também pode causar queda de cabelo.
A gravidez pode ser um momento de muita felicidade, mas também pode gerar quadros de grande estresse e ansiedade. Depressão e questões emocionais não-resolvidas sobre a maternidade tem um papel muito importante nos quadros de alopecia. Até mesmo grandes alterações de peso podem alterar a circulação de hormônios na corrente sanguínea, aumentar a oleosidade do couro cabeludo e gerar estresse.
A queda de cabelo acontece porque, fisiologicamente falando, o corpo entende que os cabelos são menos importantes. As vitaminas e proteínas que antes eram direcionadas aos fios são direcionadas pelo sangue para órgãos mais importantes. O mesmo acontece com a oxigenação, que aos poucos deixa de fluir para estruturas menos vitais como o couro cabeludo para alimentar melhor o cérebro, coração e pulmões. Assim, além de provocar a queda dos fios, cria-se uma autoinibição do crescimento dos cabelos.
A carência de vitaminas e nutrientes é algo comum na gravidez e pós-parto, pois o feto e o lactante retiram nutrientes da gestante, tanto por meio da placenta quanto por meio do leite. As mamães necessitam de mais nutrição, por isso é preciso se preocupar com a dieta na gestação. A falta de proteínas, vitaminas do complexo B, vitamina C, e vitamina D e minerais (como ferro, magnésio e zinco) podem ocasionar a queda de cabelo.
O tratamento irá variar com a causa da queda de cabelo, e por isso é sempre indicado consultar um médico para realizar o diagnóstico, pois o uso de produtos habitualmente empregados para queda de cabelos, como loções de minoxidil ou alfaestradiol, é contraindicado.
Estes medicamentos podem passar para a corrente sanguínea da mãe e prejudicar o bebê. Se o problema for nutricional, recomenda-se consultar uma nutricionista para repor os nutrientes por meio da dieta, e pode-se fazer reposição nutricional por meio de medicamentos orais. Os médicos geralmente receitam suplementos poli vitamínicos e ácido fólico durante a gestação.
De modo geral, quanto mais colorido o prato, mais nutrientes ele possui. Por isso inclua no cardápio as leguminosas e cereais que contém proteínas vegetais como arroz, feijão e lentilha; frutos do mar, que contêm magnésio; leite e derivados, que fornecem cálcio; carnes e ovos, que contêm ferro; frutas cítricas, que possuem vitamina C; vegetais coloridos, que contêm vitaminas A, E e do complexo B; e sementes oleaginosas, que provém minerais como zinco, potássio, manganês, ferro, cobre e selênio.
Também é preciso tomar bastante água para manter os fios hidratados de dentro para fora, e tomar sol para obter vitamina D. Evite frituras em excesso, gorduras ruins, álcool e doces, pois eles provocam inflamação, produzem radicais livre e aceleram a queda
Outro tipo de tratamento são aqueles realizados diretamente no couro cabeludo, as chamadas terapias capilares. No caso de oleosidade excessiva, pode-se usar loções com ativos que controlam a oleosidade – consulte antes um médico para ter certeza de que o ativo em questão não faz mal ao bebê. Alternativas mais naturais que funcionam para eliminar o excesso de oleosidade incluem a argiloterapia e o detox capilar.
No caso da argiloterapia, utiliza-se máscaras de argila verde no couro cabeludo, as quais têm propriedades secativas, anti-inflamatórias, purificantes, adstringentes e antissépticas. Já o detox ou peeling capilar utiliza um shampoo com microesferas para realizar uma esfoliação no couro cabeludo, o que remover impurezas e gordura incrustada, abre os folículos obstruídos e reequilibra o pH.
Outros tratamentos visam ativar a circulação sanguínea no couro cabeludo, como a massagem capilar e a drenagem linfática. Essas terapias utilizam as mãos ara ocasionar fricção na pele e facilitar o transporte de nutrientes e oxigênio até os fios. Dentre as alternativas mais tecnológicas, a eletroterapia e a fotobiomodulação podem ser boas alternativas para as gestantes.
A eletroterapia utiliza um aparelho de alta frequência que produz um campo eletromagnético no local de tratamento, o que estimula a circulação sanguínea local, fortalece o folículo piloso e reconstrói a cutícula capilar, melhorando a queda e o aspecto dos fios. O equipamento ainda produz ozônio, que tem ação bactericida, bacteriostática e fungicida, o que é benéfico para pacientes com caspa e excesso de oleosidade.
Já a fotobiomodulação, também conhecido como fototerapia capilar, utiliza de laser de baixa fluência e de LED para tratar da queda dos fios, possuindo ação anti-inflamatória com redução de edema. A fototerapia aumenta a vascularização, promove a distribuição de nutrientes e oxigênio e acelera o processo de divisão celular e o crescimento epitelial.
Embora a queda de cabelo nessa fase possa ser normal, é razoável tomar cuidados para prevenir ou minimizar o problema:
Se ocorrer queda de cabelo durante a gravidez, é essencial relatar o problema ao médico para descobrir as causas e tratá-las. O tratamento com dermatologistas especializados em problemas capilares traz resultados rápidos e eficazes, mas não descarte a conversa com seu ginecologista e faça um bom pré-natal.
Antes de fazer uso de qualquer produto, medicamento ou tratamento, pergunte se pode usar os princípios ativos da fórmula. Existe o perigo de má-formação fetal até mesmo na utilização de produtos considerados insuspeitos, especialmente durante os três primeiros meses de gestação. Para garantir a sua saúde e a de seu bebê, sempre consulte um médico.
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