Entenda quando a queda de cabelo é normal, o que fazer para prevenir e amenizar o problema, e quando consultar um especialista
Sabe aquelas fases em que o cabelo começa a cair no banho, se acumular na escova ao pentear e a aparecer no travesseiro? Nem sempre a queda de cabelo é sintoma de alguma doença mais grave, e muitas vezes a queda se resolve sozinha.
Apesar de assustar muita gente, é possível resolver o problema com diversos tratamentos disponíveis, ou até mesmo amenizar a queda com dicas simples. Melhor do que tratar é prevenir. Veja a seguir como reconhecer a queda normal dos fios.
Os pelos e os cabelos são estruturas compostas por proteínas, principalmente queratina e colágeno, que nascem nos folículos pilosos situados nas regiões mais profundas da derme e atravessam a parte mais externa, a epiderme.
Os pelos apresentam características e velocidade de crescimento diferentes em cada local do corpo, sendo que os cerca de 100.000 fios de cabelo que possuímos crescem cerca de 1 a 2 cm por mês.
A perda normal diária é de aproximadamente 100 fios, o que pode aumentar de acordo com a época do ano, a fase da vida e fatores ambientais. O ciclo de vida do cabelo é dividido em três fases:
1) Anágena: é a fase de crescimento dos cabelos, que saem dos folículos pilosos e crescem até a superfície da pele. Dura em média de dois a três anos, podendo chegar a até sete anos.
2) Catágena: é a fase de involução, na qual o cabelo para de crescer e o folículo começa a regredir. Dura em média duas a três semanas.
3) Telógena: é a fase de queda em que o cabelo se desprende da papila e uma nova fase de crescimento começa. Conforme o novo cabelo vai crescendo, o antigo é empurrado para fora do folículo piloso e cai. Dura cerca de três a quatro meses.
Cerca de 90% dos fios de cabelo dos adultos estão na fase de crescimento, enquanto uma porção bem pequena se encontra em involução e queda, a não ser nos casos em que a perda dos fios é patológica, sendo conhecida pelo termo médico alopecia.
A queda de cabelos se deve ao aumento do hormônio cortisol, que é liberado em excesso durante períodos prolongados de estresse, e que altera os folículos capilares, fazendo-os entrarem na fase de queda, o que é conhecido por eflúvio telógeno. O evento é sentido depois, já que demora cerca de três meses após o evento estressor para os fios começarem a cair.
Já a alopecia areata é causada pela reação do sistema imunológico a altos níveis de estresse contínuo, atacando os folículos capilares e inativando-os, o que resulta em pequenos círculos sem cabelos conhecidos como “peladas”. Como os folículos não são destruídos, o cabelo pode crescer novamente.
Uma boa forma de reduzir o estresse, cuidar do organismo e ainda prevenir a queda de cabelo é por meio da prática de atividades físicas e de meditação, métodos que liberam endorfinas, as quais contrabalançam os efeitos do cortisol.
Estes dois transtornos mentais podem também causar a queda de cabelo por serem fatores estressantes, o que causa inflamação do couro cabeludo. A reação orgânica a esses problemas pode incluir um aumento da oleosidade e ocasionar uma dermatite seborreica, a popular caspa, o que causa a queda dos fios.
A depressão também pode levar a alterações nos hábitos alimentares e perda de apetite, o que leva à diminuição na ingestão dos nutrientes necessários para a saúde dos fios. Alguns dos medicamentos utilizados para o tratamento dessas condições podem ter o mesmo efeito. Se estiver passando por estes problemas, procure ajuda especializada (psicólogo ou psiquiatra), e não deixe de consultar um dermatologista.
Os fios são constituídos de proteínas como a queratina e o colágeno, que dão sua forma, e a melanina, que dá sua cor. Por isso é necessário consumir alimentos com aminoácidos, que são os precursores das proteínas. Também é necessário ingerir vitamina A, vitamina E, vitamina C, e vitaminas do complexo B, além de sais minerais como o ferro, responsável por ajudar a hemoglobina a levar oxigênio para todas as partes do corpo – inclusive para o couro cabeludo. A falta ou o excesso desses nutrientes pode provocar a queda de cabelo, por isso é importante ter uma alimentação balanceada para ter fios saudáveis.
A dieta deve ser a mais variada possível, a fim de obter todos os nutrientes necessários para a manutenção da saúde. Quanto mais colorido for o prato, melhor.
Inclua no cardápio as leguminosas e cereais que contém proteínas vegetais como arroz, feijão e lentilha; frutos do mar, que contêm magnésio; leite e derivados, que fornecem cálcio; carnes e ovos; que contêm ferro; frutas cítricas, que possuem vitamina C; vegetais coloridos, que contêm vitaminas A, E e do complexo B; e sementes oleaginosas, que proveem minerais como zinco, potássio, manganês, ferro, cobre e selênio. Também é preciso tomar bastante água para manter os fios hidratados de dentro para fora, e tomar sol para obter vitamina D.
Muitas vezes a queda de cabelo pode ser um sinal de que há algo errado no organismo como um todo. Doenças da tireoide como hipotireoidismo ou hipertireoidismo, assim como as doenças hepáticas e renais, podem ser silenciosas a não ser pela queda dos fios. Fique atento e faça exames periodicamente, pois quanto antes as doenças são descobertas, mais rápido os cabelos voltam a crescer com o tratamento correto.
A ingestão de álcool e do tabaco provoca aumento da produção de radicais livres no nosso corpo, os quais promovem inflamação nos tecidos, incluindo a pele do couro cabeludo. Toda inflamação pode promover aumento da queda de cabelos. Além disso, o consumo de álcool e de cigarros diminui o aporte de oxigênio para o couro cabeludo, resultando também no desprendimento dos fios dos bulbos capilares.
Muito cuidado com o excesso do uso de secador e chapinha, além de procedimentos como a coloração, alisamento e escova progressiva, pois o calor e os químicos tornam os fios quebradiços e, consequentemente, intensificam a queda, chamada de alopecia traumática. Ao sentir que os fios estão caindo mais após a química, dê um tempo nesses procedimentos e utilize máscaras hidratantes que ajudem a reparar o dano.
Dependendo do tipo de cabelo da pessoa e da região de moradia, a higiene capilar deve ser diferente. Isso porque existem fatores individuais e ambientais que influenciam na oleosidade e ressecamento dos fios.
Cuidar do cabelo da forma errada (passar muitos dias sem lavar o cabelo, por exemplo) pode deixar o cabelo opaco e poroso e acumular secreção, sebo e resíduos de poluição, ocasionando problemas como irritação e coceira do couro cabeludo e descamação ou ainda provocar dermatite seborreica (a caspa), o que por sua vez faz com que haja queda dos fios.
Lugares mais úmidos e quentes favorecem a oleosidade do couro cabeludo, e os mais secos requerem maior intervalo entre as lavagens. De modo geral, o ideal é lavar o cabelo em dias alternados, aumentando o intervalo se o cabelo for crespo, seco e grosso, e diminuindo o espaçamento entre lavagens se os fios forem finos e oleosos.
É importante usar shampoo e condicionador adequado a cada tipo de cabelo, lembrando de enxaguar bem os fios, para não sobrarem resíduos que estimulem a produção de oleosidade. Água muito quente também pode intensificar a queda de cabelo. O ideal é utilizar sempre água morna.
Sempre utilize o secador de cabelos se for lavar a cabeça à noite, ou lave os cabelos de manhã, pois a umidade pode favorecer a proliferação de fungos, uma vez que eles gostam de locais úmidos, abafados e escuros para se reproduzir.
Lavar e prender o cabelo também gera um local ideal para as micoses, que provocam coceira e queda dos cabelos, além de fragilizar os fios. Também é bom lembrar que penteados muito apertados podem acabar gerando alopecia de tração, quando os fios rompem pelo estresse mecânico e caem.
Quando o cabelo está molhado, ele fica mais fraco e propenso a quebrar, por isso dê preferência para pentes de dentes largos ou a escovas com cerdas macias que sejam próprias para a utilização no banho.
Desembarace os cabelos ainda no chuveiro quando for aplicar o condicionador, pois isso impede que o cabelo fique muito embaraçado quando seco e quebre durante a escovação. Lembre-se de desembaraçar primeiramente as pontas e depois a raiz, pois isso também evita a queda dos fios.
O excesso de caspa, condição chamada de dermatite seborreica, também pode causar a queda dos fios devido ao quadro inflamatório que se instala no couro cabeludo, gerando descamação, coceira e vermelhidão. A melhor maneira de controlar o problema é lavar o cabelo com shampoo antioleosidade e utilizar algumas vezes por semana um shampoo específico para tratar a caspa.
Massagear o couro cabeludo estimula a circulação do sangue, o que facilita o transporte de nutrientes e oxigênio até os fios, estimula o crescimento dos cabelos e evita a queda. Além disso, auxilia na redução do estresse e das tensões do dia a dia e pode ser feita na nuca, no couro cabeludo e nas têmporas.
Pode-se aproveitar a massagem para aplicar máscaras capilares ou óleos essenciais e vegetais, já que a fricção ativa a corrente sanguínea e melhora a absorção dos princípios ativos dos produtos.
Os óleos essenciais que podem auxiliar no tratamento de cabelos secos são o cedro, camomila, sálvia-esclaréia e lavanda. Já para os cabelos oleosos recomenda-se os óleos de bergamota, limão, junípero, cipreste, ylang-ylang e patchouli. O óleo de alecrim é utilizado contra a queda dos fios e o óleo de tea tree é um aliado contra a caspa e piolhos.
O processo pode ser feito em casa como uma forma de autocuidado, devendo ser realizado antes de lavar o cabelo, já que a massagem aumenta a oleosidade momentaneamente devido à estimulação das glândulas sebáceas pelo atrito das mãos com a derme.
Se você notar que a queda de cabelo é constante e não passa, ou que uma grande quantidade de cabelo é perdida por dia, é importante consultar um clínico geral ou um dermatologista. Somente o médico possui condições para fazer uma avaliação clínica, pedir e interpretar exames e identificar a causa, apontando o melhor tratamento para cada caso.
Crédito da imagem: Background photo created by benzoix – www.freepik.com